Crise no PSL: Bolsonaro e Bivar aumentam as apostas
A guerra-fria entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente do partido, Luciano Bivar, está longe de acabar, segundo assessores próximos. Os dois guardam novas cartas na manga, que podem ser usadas a qualquer momento e piorar a crise no partido.
De um lado, Bivar avalia como opção contratar uma auditoria externa para analisar as contas de campanha de Bolsonaro e, desta forma, pressioná-lo. Entre aliados de Bivar, comenta-se que é difícil resistir a uma devassa dessas sem arranhos.
Outra possibilidade levantada por assessores é retirar os filhos de Bolsonaro dos postos de comando do partido nos estados- Eduardo é presidente em São Paulo e, Flávio, no Rio de Janeiro. A ação diminuiria a influência da família nas eleições municipais de 2020.
Também é avaliada a conduta ética da advogada de Bolsonaro, Karina Kufa, que trabalhava no partido. Na última sexta-feira (11), ela enviou a Bivar um pedido de auditoria nas contas do PSL. O requerimento foi assinado por Bolsonaro e mais 21 parlamentares do PSL.
Outro advogado de Bolsonaro, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Admar Gonzaga, também poder ser alvo do grupo de Bivar. Cogita-se pedir a suspeição do advogado, já que ele atuou como ministro do TSE durante a análise das contas da campanha presidencial.
Bivar também pretende analisar a conduta de deputados do partido aliados de Bolsonaro, na comissão de ética da sigla. O objetivo é avaliar se há parlamentares "jogando contra" o PSL, ou manchando a sua imagem.
Do outro lado, Bolsonaro pode levar o seu pedido de informações sobre o PSL à Justiça. O requerimento foi enviado a Bivar de forma extrajudicial, ou seja, ainda não tem caráter obrigatório de resposta.
O texto solicita a relação de fontes de receitas do partido, identificação de doadores, despesas, prestadores de serviço e um balanço patrimonial da sigla. O grupo deu um prazo de cinco dias para Bivar responder as questões.
Caso isso não seja feito, Bolsonaro pretende judicializar o pedido. O embate pode ser usado pelo presidente como uma tentativa de deixar o partido levando deputados aliados, sem que percam seus mandatos. Além disso, teria como objetivo preservar os fundos partidários e eleitorais.
O presidente tem reservado horas de sua agenda para conversas com seus advogados, como fez nesta segunda-feira (14). Já Bivar tem estudado com aliados as próximas medidas a serem tomadas. Ele passou a segunda-feira em seu estado, Pernambuco.
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